sábado, 11 de outubro de 2014

O movimento transhumanista e a utopia de um admirável mundo novo

O movimento trans-humanista é um movimento filosófico emergente que visa a dotar o ser-humano de capacidades que ele não tem, muitas delas copiadas de animais. Tem como objetivo, formar um novo ser humano, os "pós-humanos", sem as nossas atuais limitações.

A ideia seria a de dissolver a imagem do ser-humano e fazê-lo um produto industrial. Por meio da manipulação genética e a integração de equipamentos eletrônicos e pessoas, o movimento trans-humanista pretende construir uma nova espécie.

Tudo se inicia com a tentativa de se impor um modelo ideal de sociedade e de felicidade. Ao logo da história, todas as tentativas de impor um modelo social de acordo com a concepção de seus criadores, resultou em mortes, barbaridades e todo tipo de atrocidade. Exemplo disso foi o comunismo e o nazi-socialismo.

Em outras palavras, a ideia é de que a forma humana seja determinada por um grupo de cientistas a serviço do governo. Isso é monstruosidade!

Aristóteles já dizia que a ciência deve partir do conhecimento do senso comum e aperfeiçoá-lo. Mas a ideia desse movimento não é aperfeiçoar o senso comum, mas substituí-lo. Ou seja, nesse novo conceito, as coisas não seriam do modo como as vemos, mas do modo como esse grupo de cientistas quer que vejamos.

No livro "Admirável Mundo Novo", o autor Aldous Huxley nos leva a fazer uma importante reflexão sobre os rumos da sociedade e da ciência.

Na sociedade relatada por Huxley, não havia fome, miséria nem nenhuma outra mazela social. As pessoas viviam em uma aparente felicidade geral. Não havia reprodução sexuada entre as pessoas, já que todas eram estéreis. A reprodução era feita laboratório e, por meio da manipulação genética, eram "fabricados" de acordo com a função que desempenhariam na sociedade. O mundo foi dividido em castas, no qual era impossível a ascensão social. Quem nascia para pertencer a uma determina casta, além de geneticamente estar dotado com as características necessárias a ela, era desde criança preparada psicologicamente, pelo Estado, para melhor desempenhar suas funções. O livro relata, por exemplo, que as crianças que nasciam para ser operários, eram colocados em uma sala com livros. Ao se aproximar dos livros, um barulho ensurdecedor era disparado, de modo que as crianças ficavam traumatizadas e perdiam o interesse pela leitura.

Nesse cenário assustador, a condição humana foi relegada à ciência e ao interesse social. Não havia liberdade. Apenas uma sombria ditadura em prol da "felicidade geral".

O livro, que é um romance, conta a história de um personagem, que após se apaixonar por uma mulher e se revoltar com aquele modelo de sociedade, foi preso em uma ilha. Aldous Huxley foi muito sagaz em sua crítica. Afinal, na ilha, longe daquele estado social, as pessoas tinha mais liberdade e a vida era mais humana.

O movimento transumanista assusta um pouco. Logo imagino que brevemente surgirá uma nova espécie humana, criada em laboratório e que nos sucederá na história. Talvez, e eu não duvido, haja uma guerra entre a nossa espécie e o novo homem vindouro. 

A ideia de quer impor um modelo ideal de sociedade, sempre abriu margem para abusos e regimes ditatoriais, Depois da própria vida, a liberdade é o valor mais importante e que deve ser preservado. Um novo homem e uma nova sociedade podem resultar em uma condição humana abominável, na qual os valores morais tradicionais seriam relegados em prol de um novo e sombrio paradigma.